sexta-feira, 29 de março de 2013

O Castelo

     Certo dia um jovem casal se encontrava em um estrada completamente estranha a eles. Nunca tinha passado por um lugar semelhante àquele e não entendiam porque estava ali. Tudo era diferente. Estavam numa terra desertificada com uma areia seca e entremeada por pedregulhos. Não havia água, apenas sequidão e pobreza. Assustados e sem saber o que fazer resolveram andar em frente.
  
 Ao percorrer o caminho à sua frente, eles avistaram uma pequena casa de palha inabitada e que de tão fraca, possivelmente não aguentaria uma mínima rajada de vento. Seria facilmente derrubada. Percorrendo a estrada encontraram algumas ruínas de pequenas construções do passado, totalmente destroçadas e que não escondiam nenhum ser vivente. Percebiam as ferrugens corroídas pelo tempo e tijolos espalhados por todo o canto. "Uma tempestade deve ter passado por aqui e destruiu tudo." Indagaram.

 Andando um pouco mais avistaram uma casa mal assombrada onde o vento assoviava uma tenebrosa canção que o assustavam. Nada os faria querer entrar ali. A casa era feia, aparentava muita sujeira e estava completamente abandonada. Adornada em um negro fúnebre, ali só havia lugar para os mortos. Desta forma, não titubearam em seguir em frente.

Continuaram então sua jornada e não  avistavam mais nada ao redor. Foi então que a paisagem começou a mudar, sendo substituída por uma campina esverdeada por planícies repletas da grama mais macia e por arvores suntuosas, repletas de beleza e esplendor.  Do lado esquerdo corria um rio cristalino que entoava o som de águas que corriam mansamente. Era tudo singularmente belo e toda aquela natureza trazia alegria e paz para os corações daquele jovem casal.

 Foi então que o rapaz avistou uma construção enorme despontando no horizonte. Alicerçado numa Rocha, eles perceberam que se tratava de um grande Castelo. Ele era de uma feitura delicadamente arquitetada. Seus tijolos eram grandiosos e suas muralhas o envolviam criando uma fortaleza praticamente intransponível. Vendo mais detalhadamente eles perceberam que havia quatro torres e uma central que cortava as nuvens e por ser tão grande não era possível ver aonde terminava. Como entrariam ali? - se perguntavam.

Ao se aproximarem, para a surpresa deles, o portão se abriu vagarosamente. Surpresos e embevecidos por uma construção tão bela estavam extremamente curiosos e ávidos por conhecer aquilo que nem nos seus maiores sonhos pensariam em ver. Era um castelo de verdade! - diziam.  Chegando mais perto avistaram o jardim repleto de flores adornadas pelo mais perspicaz jardineiro. Era tudo explêndido! A construção era milimetricamente desenhada e cimentada pelo mais preparado engenheiro. Cada torre tinha sua beleza única. As paredes eram pintadas pelas cores mais suaves e o chão era entalhado por cerâmicas de alto valor. Internamente tudo era finamente decorado e não havia manchas nem sujeiras que diminuíssem a perfeição daquele local. Ao adentrarem no salão principal, para surpresa e espanto deles, haviam quadros de seus respectivos pais, trazendo uma familiaridade para eles. Porque estariam aqueles quadros ali? A quem, de fato, pertencia aquele magnífico Castelo que qualquer rei invejaria? Foi então que ouviram o som de um martelo batendo no alto de onde avistavam a escada da torre principal.

Ao subir aquela infindável torre o jovem casal se espantou. Era um anjo que estava cimentando e pondo um tijolo na torre que ainda estav sendo terminada.
Onde estamos? - perguntou a mulher.
O anjo ternamente a olhou e disse: Vocês estão num castelo, não perceberam? - ironizou.
Claro que sim! Mas porque estamos aqui? A quem ele pertence?
O Castelo é de vocês, a quem mais poderia pertencer?
Nosso? - eles disseram surpresos.
Claro. Deixe-me explicar. - disse o anjo - Provavelmente vocês passaram por um deserto solitário e avistaram algumas estranhas construções. Tudo aquilo representava os relacionamentos que tiveram no passado. Casas de palha, ruínas e assombrações. O vento e as tempestades da vida facilmente a destruíam. A terra era seca, os lugares eram inóspitos assim como as escolhas que vocês fizeram no passado. Depois disso, perceberam que a paisagem começou a mudar. Era o melhor de Deus que estava se aproximando. Foi neste momento que o Amor sorriu pra vocês. E este Castelo praticamente intransponível, insubstituível em beleza é o relacionamento de vocês. Sua base é Cristo, infinito em poder e sobre Quem vocês estão construindo sua união. Quem então poderia separar vocês?
Ninguém. - refletiram. Mas porque os retratos de nossos pais?
É simples. Eles são a base e o auto-retrato do que vocês estão construindo. Um espelho. Vocês são um pouco do reflexo daquilo que um dia vivenciaram.Vocês também devem ter notado as quatro torres, não? - Ele disse enquanto encaixava mais um tijolo na construção.
 É claro! - disseram.
Pois então. Elas representam a paciência,  o perdão, a humildade e a fé. São sobre estas torres que vocês entrelaçam sua relação e sobre as quais ela tem crescido e fortalecido.
Mas, e esta torre? O que ela representa? - disse o jovem rapaz.
Sorrindo o anjo disse. - Ela representa o amor.
Mas porque ela não chegou ao fim? Porque ainda está sendo construída?
Calmamente o anjo pôs o martelo e a pá num canto da obra, virou-se para o jovem casal e disse:
Por acaso, em algum instante, vocês deram limites ao amor que sentem um pelo outro? Provavelmente não. E quanto ao fim desta construção, ela deve se estender até o céu. Lá será o seu limite. Pois quanto mais alto a torre, mais perto ela estará de Deus. E quanto mais perto estiverem de Deus, significa que maior será o amor que sentirão um pelo outro. - O anjo parou um pouco e mais uma vez indagou:
Devo continuar construindo a torre? Porque isso só depende de vocês.

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